sábado, 15 de setembro de 2012

Olá! visitem o site do Globo Repórter transmitido em 14/09/2012. Muito interessante! bjs!

NASCER É UM PARTO

Compartilho matéria publicada na revista SUPER INTERESSANTE, de julho/2012: Título: NASCER É UM PARTO. Podem acessar o site da revista e conferir, aqui reproduzo o texto principal. Sou aliada nesta causa, nascer melhor e naturalmente, respeitando e permitindo o verdadeiro nascimento de um bebê e uma mãe: _Em uma pequena cidade da Suíça, uma mulher entrou em trabalho de parto e ficou à espera do nascimento do bebê por vários dias. Treze parteiras foram chamadas para ajudar a mãe, sem nenhum sucesso. O marido dela, Jacob Nufer, num ato de desespero, pediu permissão às autoridades locais para fazer um corte no abdômen de sua esposa, pois só assim seria possível retirar a criança. Ele era castrador de porco e utilizou seus conhecimentos de veterinário para fazer o parto. O bebê nasceu grande e saudável. A mãe não só sobreviveu como ainda teve muitos outros filhos ao longo dos anos, todos de parto normal, incluindo gêmeos. Esse episódio aconteceu por volta de 1500. Acredita-se que seja o primeiro relato confiável sobre uma mulher que sobreviveu a uma cesariana. (Não acredite na lenda de que a cesárea vem de Julio César, o imperador que teria nascido dessa forma. Apesar de existirem pinturas antigas que retratam o romano saindo da barriga de Aurélia, sua mãe, o conhecimento médico da época ainda era precário. Se Aurélia realmente tivesse passado por uma cesárea, a morte era certa. E relatos históricos afirmam que ela teria vivido por muito tempo e chegou a ver seu filho conquistando a Gália.) A verdade é que, seja cesárea ou parto normal, a hora do nascimento é um momento delicado para nós humanos. Só no Brasil, de acordo com uma pesquisa da Universidade de Washington, publicada em 2011, 65 em cada 100 mil mulheres morrem por problemas na gestação ou durante o parto. No mundo todo, o número de mortes no parto chega a 529 mil por ano. Por isso, há séculos a ciência vem tentando facilitar o parto para que ele seja o mais seguro possível - mas ainda não chegou lá. A culpa para tanto perigo na hora do nascimento está equilibrada em cima do seu pescoço. Temos cabeças - e principalmente cérebros - grandes demais para o nosso corpo. Nossa massa encefálica pesa 2,5% do nosso peso total. Comparado com gatos (1%), cachorros (0,8% do peso) ou até mesmo elefantes (0,1%), é um valor de respeito. E um problema, fisicamente, para passar pelo canal vaginal. Junte nosso crânio avantajado ao fato de que andamos eretos, e a situação só se complica. Como caminhamos sobre duas pernas, nossos quadris tiveram de se adaptar para carregar a coluna vertebral e ainda encaixar as pernas - e ficaram estreitos, se comparados com a cabeça. Outros mamíferos têm quadris muito mais bem preparados para dar à luz do que nós. Para resolver esse impasse, a natureza criou uma solução um tanto pragmática: fez todas as crianças humanas nascerem prematuras. Sim, mesmo depois de 9 meses de gestação, nascemos antes do tempo. É por isso que um bebê humano é tão dependente quando vem ao mundo e precisa de tanto cuidado. Um macaco, por exemplo, consegue subir nas costas de sua mãe logo depois do parto. O homem, para fazer o mesmo, teria de nascer com o crânio de uma criança de um ano de idade - um tamanho que não passaria pelo quadril da mãe. Isso explica o fato de o crânio dos outros primatas duplicar ao longo da vida, e o nosso crescer 4 vezes. Para piorar, nossos rebentos não param de crescer. Se nossos ancestrais tinham de ralar para comer frutinhos e alguma proteína de vez em quando, hoje em dia, uma grávida pode comer um Big Mac com batata frita todos os dias, se quiser. O resultado são bebês cada vez maiores. Um estudo australiano revelou que recém-nascidos de 1993 a 2002 aumentaram o peso em 12% ao longo do período. Outra pesquisa na Irlanda também mostrou que eles engordaram em média meio quilo de 1950 a 2000. Ou seja, dá-lhe cabeção de bebê para passar por quadrilzinho de mulher. É exatamente por causa dessa incompatibilidade física que inventamos a cesárea. Há alguns casos em que o nascimento simplesmente não seria possível por meio do parto natural. Entre 1950 e 2008, o número de mortes maternas no mundo ficou 3 vezes menor, e o de recém-nascidos, 5 vezes. Isso se deve a avanços da medicina de uma forma geral - inclusive às cesáreas. Na verdade, ela é a solução indicada para dezenas de complicações, como hemorragias no final da gestação, doenças hipertensivas, se a cabeça do bebê não passar pela bacia da mãe ou se o feto estiver na posição transversal ou com o cordão umbilical enrolado no pescoço. A Organização Mundial da Saúde recomenda que até 15% dos partos sejam feitos de forma cirúrgica - justamente para essas complicações. Mas a taxa por aqui anda muito superior a isso. Cinquenta e três por cento dos bebês no Brasil nascem por cesárea. É um exagero. O problema de um índice tão alto está nos riscos. Um estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul analisou os casos de morte materna ocorridos durante 20 anos no Hospital de Clínicas de Porto Alegre e concluiu: o risco de morte é quase 11 vezes maior em mulheres submetidas à cesárea quando comparado às que tiveram parto normal. Infecções e acidentes anestésicos foram as principais causas. Outro problema são os nascimentos antes da hora. A Organização Mundial da Saúde calcula que mais de um milhão de recém-nascidos morram todos os anos por serem tirados da barriga da mãe antes da 37ª semana (o tempo ideal são 40 semanas de gestação - mas até 42 ainda é considerado normal). Se o tempo da gravidez não é respeitado, o bebê pode nascer mais leve e o risco de desenvolver problemas respiratórios é 4 vezes maior. "A cesárea é um recurso eficaz para diminuir a mortalidade, quando há uma adequação médica para isso. Quando é indicada por razões não-médicas ou duvidosas, ela aumenta o risco da mulher e do bebê de adoecer e morrer", explicam a médica Simone Diniz e a educadora perinatal Ana Cristina Duarte. “As razões não-médicas" para a cesárea incluem uma prática bem conhecida nos consultórios: marcar a data do nascimento em vez de esperar o parto natural. Isso pode ser conveniente para a mãe, que consegue programar a licença do trabalho, por exemplo, mas é prático principalmente para o médico. Com o horário agendado, ele sabe que não será surpreendido por partos de emergência de madrugada ou ainda pior: durante as horas de consulta paga. "No modelo de saúde brasileiro, agendar uma cesárea acabou se tornando mais conveniente pela questão do tempo", explica Daphne Rattner, médica epidemiologista, professora da UNB. Ou seja, a escolha pela cesárea está sendo feita por motivos que não levam em consideração a saúde da mãe ou do bebê - sem que isso muitas vezes fique claro. Mas há outros fatores responsáveis pelo aumento na procura por cesáreas. Historicamente, os partos naturais eram conhecidos por intervenções de rotina desnecessárias, como corte da vagina, imobilização em uma cama e toques vaginais frequentes. Hoje, muitos desses procedimentos não são realizados, mas o medo do parto persiste. E mais: por serem cada vez mais "raros", muitos médicos sentem-se despreparados para fazer o parto vaginal. Não é à toa que as mães prefiram esse a cesárea, ninguém quer fazer um procedimento que pouca gente sabe fazer. E o resultado: uma taxa de cesárea nos hospitais particulares imensa, 89% dos bebês são retirados da mãe por meio de operações - quase 6 vezes o índice indicado. Parir uma criança é um negócio complicado (veja o tanto nas ilustrações desta e das outras páginas). Diversos estudos mostram que cerca de 3% das mulheres desenvolvem estresse pós-traumático depois de dar à luz. E até 30% das mães apresentam alguns sintomas do distúrbio até 6 semanas depois do parto. E mais: na maior parte das culturas, o nascimento de um filho é mais um motivo de apreensão do que de alegria imediata. A antropóloga evolucionista Wenda Trevathan concluiu que, na maior parte das sociedades (da Holanda ao Yucatán), a primeira reação ao parto é apreensão. Primeiro, certifica-se que mãe e filho passam bem. Só depois é que se parte para o abraço - e ao amor incondicional ao filho. De acordo com uma pesquisa da Universidade de Connecticut, os principais motivos para o desenvolvimento de estresse pós-traumático de parto são a falta de autonomia da mãe, a sensação de não saber o que estão fazendo com ela, a falta de cuidados médicos e a separação forçada do filho. Em outras palavras, ao tratar a hora do nascimento como um procedimento médico, como uma endoscopia ou um raio-X, os hospitais podem traumatizar as mães. Por causa disso - e por causa do número exagerado de cesáreas - , desde a década de 1980 mães e médicos têm defendido o "parto humanizado". O nome meio esquisitão nada mais é do que fazer o nascimento da forma mais natural possível - privilegiando sempre o parto normal e rechaçando intervenções médicas. Alguns hospitais no Brasil já oferecem salas especiais nas quais as mães podem dar à luz dessa forma, com direito a decoração especial (teto que simula céu estrelado, por exemplo), banheiras, almofadas e bolas de exercício para deixar a mãe à vontade. Mas o privilégio é para poucas sortudas. O serviço somente é oferecido nas maternidades mais caras do País. Mas mesmo as salas de parto humanizado não conseguem garantir que não sejam feitas intervenções médicas na hora H. Por isso, algumas mães optam pelo parto em casa. Esse era o procedimento comum até a metade do século 20. Nos EUA, por exemplo, por volta de 1900, a maioria dos partos ocorria longe dos médicos. Quarenta anos depois, a taxa de nascimento fora dos hospitais caiu para 44%. Em 1969, a proporção desabou para 1% e em 2004 estava em 0,5%. Nos últimos 4 anos, no entanto, um ligeiro aumento nos partos domiciliares mostra que a ideia anda se espalhando. Na Holanda, 30% dos bebês nascem em casa. O índice de cesáreas também é pequeno, cerca de 10%. O país é apontado como exemplo de um modelo menos medicalizado na assistência ao parto. No Brasil não há dados, mas partos caseiros estrelados como o de Gisele Bündchen deram aquele empurrãozinho - apesar do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo não recomendar a prática. A noção de que um médico e um hospital são imprescindíveis, aliás, também é coisa nossa. Em outros países, ter os filhos longe do hospital é muito mais comum do que por aqui. Nos EUA, 28% dos bebês vêm ao mundo em casas de parto, centros de nascimento onde nem sempre há o acompanhamento de um médico. Alguns países da Europa têm até regulamentação própria para a atuação das parteiras, que conduzem boa parte dos nascimentos por lá. Há algumas questões importantes no parto longe dos hospitais. Para começar, ele só é indicado em gestações de baixo risco, as que não se encaixam nas indicações de cesárea, por exemplo. E tem um fator positivo: ele expõe a mãe a riscos menores de infecção e de complicações na anestesia (claro: não há anestesia), além de menos lacerações no períneo (sim, é comum a região entre a vagina e o ânus rasgar durante o parto). Assim, como a maior parte das mortes no hospital acontece por causa de infecções, o parto domiciliar pode até ser mais seguro - se não houver nenhuma complicação. E esse se é muito importante. O maior estudo já feito sobre o assunto é de 2010 e analisou 500 mil nascimentos na Europa e na América do Norte. Ele concluiu que a mortalidade de partos em casa é mais de duas vezes maior do que os feitos nos hospitais. As taxas são baixas: 0,2% e 0,09% respectivamente e, desde então, o estudo já foi contestado por ter juntado amostras de pesquisas muito diferentes - mas ele não foi descartado. Mesmo que a gestação seja de baixo risco, a complicação mais comum num parto domiciliar é durante o trajeto do útero até a vagina - o corpinho do bebê não faz a rotação adequada (o termo técnico disso é falta de rotação de apresentação fetal). Isso é impossível de prever antes do parto. No hospital, o médico conta com recursos como o partograma, que ajuda a detectar esse tipo de alteração durante o trabalho de parto. Numa emergência, pode recorrer a algum procedimento. Já em casa, a mãe vai sofrer um bocado até o bebê sair. A sequela mais comum para ela é a laceração da vagina - o risco é de 70%. E para o bebê pode ser ainda mais grave: faltar oxigênio no cérebro. No geral, esse tipo de parto é mais recomendado a mães que já passaram pela experiência. Uma pesquisa da Universidade de Oxford que analisou 65,5 mil partos de gestações de baixo risco na Inglaterra concluiu que 50% das mães de primeira viagem que optaram por ter o bebê em casa foram transferidas para o hospital no meio do trabalho de parto. Quando era o segundo ou terceiro filho, o risco de ter o bebê em casa com uma parteira era o mesmo em um hospital com um obstetra. E eis aí o paradoxo. Nascimentos no hospital têm mais complicações por causa das intervenções médicas, que são mais comuns - já os partos em casa são mais seguros; mas quando algo dá errado, os problemas costumam ser mais sérios. Cabe à mãe e ao médico escolherem os riscos. E, como estamos falando de mães, médicos e o bem-estar de pequeninos e rechonchudos bebês recém-nascidos, dá para entender por que não existe um consenso.

domingo, 9 de setembro de 2012

Encontros de apoio a gestante em Gravataí: O GAPP (Grupo de Apoio pela Parto do Princípio) Luz da Vida foi criado com o intuito de levar informações reais, com embasamento científico sobre gestação, parto e nascimento humanizados. Os encontros são mensais e gratuitos. Venham conferir! Proximos encontros: 22/09 - 13/10 e 17/11
AULÃO DE YOGA DANCE! Venha conhecer essa prática que alia o conhecimento e a consciência do Yoga com a liberdade dos movimentos da dança com o objetivo de realinhar os chakras e energizar o corpo, utilizando sons e ritmos para entrar em sintonia in terna e com o universo. Dia 15/09/2012 às 16h. R$ 15,00 Favor confirmar sua presença até 10/09. Obrigada!

quarta-feira, 23 de maio de 2012

LINK PARA MATÉRIA SUGERIDA PARA LEITURA PUBLICADA NA ISTO É, maio 2012:http://www.istoe.com.br/reportagens/207320_O+TREINO+CERTO+DO+COMECO+AO+FIM?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage
Matéria da revista ISTO É, maio de 2012, edição 2219. Sobre Treinamento Funcional

segunda-feira, 23 de abril de 2012

TREINAMENTO FUNCIONAL

Sobre Treinamento Funcional: Tem como objetivo preparar o corpo de forma integral, segura e eficiente para habilitá-lo às diferentes ações/ atividades do cotidiano a partir do desenvolvimento do centro corporal, o core, grupo de músculos da região abdominal. Exercita padrões fundamentais do movimento humano; empurrar, agachar, lançar, saltar, girar com o objetivo de aprimorar ou “resgatar” a eficiência do movimento humano. Os exercícios podem ser realizados utilizando o peso do próprio corpo, cabos, elásticos, pesos livres, bolas, caneleiras, etc. São exercícios motivacionais e desafiadores que resultam na funcionalidade natural do corpo com saúde e condicionamento. Alguns dos benefícios: Melhor postura; Estabilidade articular, principalmente da coluna vertebral; Redução de lesões/contraturas; Melhora do equilíbrio estático e dinâmico; Aumento de força e coordenação motora; Aumento da resistência cardiovascular e muscular; Aumento da consciência sinestésica.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

BACHAREL EM EDUCAÇÃO FÍSICA

CAPACITAÇÃO PARA:

*PERSONAL DE GESTANTES
*TREINAMENTO FUNCIONAL
*PREPARAÇÃO PARA CONCURSOS QUE SOLICITAM APTIDÃO FÍSICA
*PORTADORES DE DOENÇAS CRÔNICAS (Ex: hipertensão, cardiopatias, diabetes, fibromialgia)
*PORTADORES DE PATOLOGIAS NA COLUNA

YOGA INTEGRAL

O YOGA INTEGRAL DE SRI AUROBINDO

Todas as escolas de Yoga descritas no início do capítulo 2 de A Tradição do Yoga (Rája, Hatha, Jñána, Bhakti, Karma, Mantra e Laya Yoga) são criações da Índia pré-moderna. Com o Yoga Integral, de Sri Aurobindo, entramos na modernidade. Esse Yoga é a prova viva de que a tradição yogi, que sempre primou pela capacidade de adaptação, continua a desenvolver-se e a reagir às mudanças das condições culturais. O Yoga Integral é a mais destacada tentativa de reformular o Yoga de acordo com as necessidades e as capacidades do homem moderno.

Embora fizesse questão de preservar a continuidade da tradição yogi, Sri Aurobindo ansiava por adaptar o Yoga ao contexto singular do mundo ocidentalizado de hoje em dia. Para fazê-lo, não se baseou somente na educação ocidental, mas também na profundidade da sua experiência e das suas experimentações com a vida espiritual. Reunia na sua pessoa as raras qualidades de um filósofo original, por um lado, e de um místico e um sábio, por outro.

Aurobindo via em todas as formas passadas de Yoga uma tentativa de transcender o envolvimento do ser humano comum com o mundo externo, tentativa essa que tomava a forma da renúncia, do ascetismo, da meditação, do controle da respiração e de um sem-número de outros meios yogis. Como expliquei na Introdução de A Tradição do Yoga, muitas escolas de Yoga esposam uma atitude que, por conveniência, podemos chamar de \\\ “verticalismo\\\": são caminhos que conduzem à Realidade Transcendente, ao Espírito, ao Si Mesmo ou à Essência Divina, concebida esta como separada, de algum modo, do mundo material. Todos os Yogas verticalistas procuram ascender para além da vida convencional por meio de uma elevação da atenção.

Na magnífica obra The Life Divine, Aurobindo diz que os Yogas anteriores eram caracterizados pela \\\ “renúncia do asceta\\\" (1). Essa renúncia consiste numa subestimação do mundo material por parte do asceta, determinada pela força do contato deste com as dimensões supramundanas da existência, e em especial com o domínio resplandecente do próprio Espírito. Essa atitude negativa em relação ao mundo se resume na doutrina vedântica da ilusão, conhecida como máyá váda.

O termo máyá refere-se à irrealidade do universo manifesto - noção que, no geral, foi interpretada como uma afirmação do caráter ilusório do próprio cosmos. Além disso, esse axioma metafísico foi muitas vezes associado à idéia de que a existência neste mundo é cheia de sofrimento, dor, pesar e tristeza, e por isso se afigura como perfeitamente inútil. Em conseqüência, os filósofos e sábios verticalistas recomendaram vários caminhos que envolvem uma ou outra forma de renúncia externa.

Por outro lado, o Yoga Integral - chamado de Púrna Yoga, em sânscrito - tem a finalidade explícita de fazer descer à \\\ “consciência divina\\\" para o corpo e a mente humanos e para a vida comum. Busca superar o paradigma tradicional que opõe o Espírito à matéria, paradigma que, segundo Aurobindo, surgiu junto com o Budismo há uns 2.500 anos. Aurobindo admitiu que os filósofos e sábios da Índia empenharam-se periodicamente para derrubar esse influente paradigma, mas observou, por fim, que \\\ “todos viveram à sombra da Grande Renúncia, e, para todos, o fim último da vida é a tanga do asceta\\\" (2). Eis uma citação completa das observações inteligentes e eloqüentes de Aurobindo:
A concepção geral da existência caracterizou-se sempre pela teoria budista da cadeia do karma e pela conseqüente oposição entre escravidão e libertação: escravidão mediante o nascimento e libertação mediante o fim dos nascimentos. Assim congregaram-se todas as vozes num grande uníssono, afirmando que nosso reino dos céus não está neste mundo, mas além dele, quer nas alegrias do eterno Vrindavan, quer na altíssima beatitude do Brahmaloka; além de todas as manifestações num inefável Nirvana ou num estado onde toda a existência separativa se desfaz perante a unidade indistinta da indefinível Existência. E no decorrer de muitos séculos, um grande exército de brilhantes testemunhas, santos e mestres, nomes sagrados para a memória da Índia e vultos dominantes da imaginação indiana, deram todos o mesmo testemunho e acenaram sempre com o mesmo apelo elevado e distante: a renúncia como única via para o conhecimento, a aceitação da vida terrena como o ato dos ignorantes, o fim dos nascimentos como o único uso correto do nascimento humano, o chamado do Espírito, a fuga perante a Matéria. (3)

É certo que Aurobindo não negou o valor do ascetismo, mas procurou situá-lo no lugar que lhe cabe dentro do contexto de uma espiritualidade integral. Afirmou que os antigos pensadores e sábios hindus levavam muito a sério o axioma vedântico de que só há uma única Realidade, mas não davam o devido valor ao axioma correlato de que \\\ “tudo isto é Brahman\\\". Em outras palavras, ignoravam a presença da Divindade não-dual no mundo em que vivemos; ignoravam que não há distinção alguma entre a Divindade e o mundo.

A crítica que Aurobindo faz da metafísica e do Yoga tradicionais do Hinduísmo está essencialmente correta, embora ele tenha preferido ignorar aqueles esforços esporádicos que, como o Sahajayána (\\\"Veículo da Espontaneidade\\\"), tinham evidentemente por objetivo uma visão de mundo e uma ética mais integradas. Sob esse ponto de vista, pode-se dizer que o ideal do sahaja (\\\ “espontaneidade\\\") é uma tentativa de superar as limitações do verticalismo tradicional. É verdade, porém, que mesmo algumas escolas do Sahajayána contêm um forte elemento ascético. E não se pode dizer de modo algum que elas esposem uma ética de afirmação do mundo baseada na evolução, como faz o Yoga Integral.

O \\\ “Yoga supramental\\\" de Aurobindo gira em torno da transformação da vida terrestre. Ele queria ver o paraíso na Terra - uma existência totalmente transmutada, mas neste mundo. Escreveu:
A diferença fundamental está na doutrina da existência de uma Verdade Divina dinâmica que pode descer para este mundo de Ignorância, criar nele uma nova consciência da Verdade e divinizar a Vida. Os antigos Yogas vão direto da mente para a Divindade absoluta e vêem toda a existência dinâmica como Ignorância, Ilusão ou Lila; quando se entra na Verdade Divina estática e imutável, dizem eles, escapa-se da existência cósmica... Meu objetivo é o de realizar e também manifestar a Divindade no mundo, trazendo cá para baixo, para esse fim, um Poder que ainda não se manifestou - como a Supermente. (4)

O que é a Supermente? É aquilo que Aurobindo chama de Consciência da Ordem - rita chit, em sânscrito - por trás da mente ordinária. É o \\\"verdadeiro agente criador da Existência universal\\\" (5). É o vínculo dinâmico entre o eterno Ser-Consciência-Bem-Aventurança e o cosmos condicionado. A Supermente é a criadora do mundo, pois é o princípio absoluto da vontade e do conhecimento; organiza-se nas estruturas das dimensões sutil e grosseira (isto é, as dimensões manifestas) da existência.

Segundo Aurobindo, a Supermente é o motor da evolução, que ele compreende como um progresso contínuo rumo a formas de consciência cada vez mais elevadas. Como tal, é ela também a responsável pela manifestação do cérebro e da mente humanos. A mente tem a tendência inata de ir além de si mesma e captar o Todo maior. No entanto, como nos comprovam com a máxima evidência as histórias da filosofia e da ciência, ela está destinada a não alcançar esse seu objetivo. Tudo o que a mente humana pode fazer é admitir as suas limitações intrínsecas e abrir-se para a realidade superior que é a Supermente. Mas essa abertura sempre se reflete subjetivamente como a morte da personalidade egóica limitada pela mente - e essa experiência é terrível para o indivíduo espiritualmente imaturo. Em suas obras, Aurobindo descreve o que ele mesmo sentiu no interior com a descida da Supermente e a conseqüente anulação da mente:
... Alcançar o Nirvana foi o primeiro resultado radical do meu próprio Yoga. Lançou-me ele de repente num estado situado acima do pensamento, no qual o pensamento não existia; um estado que não era sustentado por nenhum movimento vital ou mental. Não havia ego nem mundo exterior - apenas que, quando o olhar se voltava para fora através dos sentidos imóveis, algo percebia ou criava sobre o seu mais absoluto silêncio um mundo de formas vazias, sombras materializadas sem substância real. Não havia nem Um nem muitos, tão-só unicamente Aquilo, sem traços distintivos, sem relações, puro, indescritível, impensável, absoluto e, não obstante, sumamente real, o único real. (...) permaneci nesse Nirvana dia e noite, até que ele começou a admitir em si outras coisas ou a modificar-se mesmo que minimamente; e o coração íntimo da experiência, uma memória constante dela e do seu poder de voltar a se impor permaneceram até que por fim começaram a dissolver-se numa Superconsciência maior vinda de cima. Enquanto isso, porém, realização acrescentou-se à realização e veio fundir-se à experiência original. Num estágio incipiente, a visão de um mundo ilusório deu lugar à percepção de que a ilusão não passa de um pequeno fenômeno superficial que tem por trás de si uma suprema Realidade Divina e, no coração de todas as coisas que a princípio só pareciam figuras ou sombras cinemáticas, uma intensíssima Realidade Divina. (6)

Aurobindo considerava o ser humano transformado pela Supermente como o auge da evolução. A Natureza, que é uma forma de Deus, esforça-se para produzir o ser verdadeiramente espiritual, que vai além do \\\ “homem vital\\\" e do \\\ “homem mental\\\". Esse evolucionismo yogi não é muito bem compreendido na Índia, e mesmo entre os que buscam a espiritualidade no Ocidente a obra de Aurobindo não é tão conhecida quanto deveria ser. Mas o Yoga Integral é uma força espiritual viva que, nas palavras do filósofo Haridas Chaudhuri, \\\ “continua fertilizando o solo espiritual do nosso mundo\\\" (7).

No nível prático, o Yoga Integral se baseia na ação sincronizada da aspiração pessoal, que vem \\\"de baixo\\\", e da graça divina, que vem \\\"de cima\\\". A essência da aspiração, porém, é a entrega de si mesmo, e essa entrega tem de ser completa para que a graça possa realizar a sua obra de transformação. Aurobindo contrapunha esse caminho ao esforço pessoal áspero que caracteriza o caminho do ascetismo (tapasya).

O Yoga Integral não prescreve nenhuma técnica, uma vez que a transformação interna é realizada pelo próprio Poder Divino. Não há rituais, mantras, posturas ou exercícios de respiração obrigatórios. O aspirante deve tão-somente abrir-se àquele Poder Superior, que Sri Aurobindo identificava com a Mãe. Essa abertura e essa invocação da presença da Mãe são compreendidas como uma forma de prece ou de meditação. Aurobindo aconselhava os praticantes a concentrar a atenção no coração, que, desde a mais remota antigüidade, é considerado o portal que leva a Deus. A fé, ou certeza interior, é considerada uma das chaves do crescimento espiritual. Os outros aspectos importantes da prática do Yoga Integral são a castidade (brahmacharya), a veracidade (satya) e uma permanente disposição calma (prashánti).

Para Aurobindo, a Mãe não era um princípio abstrato ou uma divindade transmundana, mas a força da graça encarnada na própria esposa com a qual ficou casado a vida inteira. Ele compreendia a si mesmo como a Consciência, e a ela como a Shakti, ou Poder divino, manifestos na forma física.

(1) Sri Aurobindo, The Life Divine, vol. 1 (Pondicherry, Índia: Sri Aurobindo Ashram, reed. 1977), p. 23.
(2) Ibid., p. 23.
(3) Ibid., p. 23. A atitude verticalista surgiu antes do Budismo, que muitas vezes é erroneamente acusado de ter introduzido na herança espiritual da Índia uma atitude negativa em relação à vida. O Budismo, como o Hinduísmo, inclui correntes horizontalistas, verticalistas e integrais.
(4) [Manibhai, org.], A Practical Guide to Integral Yoga: Extracts Compiled from the Writings of Sri Aurobindo and The Mother (Pondicherry, Índia: Sri Aurobindo Ashram, reed. 1976), p. 31.
(5) Sri Aurobindo, The Life Divine, vol. 1, p. 174.
(6) Sri Aurobindo, Sri Aurobindo on Himself and on The Mother (Pondicherry, Índia: Sri Aurobindo Ashram, 1953), pp. 154-155.
(7) H. Chaudhuri, "The Integral Philosophy of Sri Aurobindo", em H. Chaudhuri e F. Spiegalberg, orgs., The Integral Philosophy of Sri Aurobindo: A Commemorative Symposium (Londres: Allen & Unwin, 1960), p. 17.

Extraído do livro A Tradição do Yoga (traduzido por Marcelo Brandão Cipolla), Editora Pensamento, São Paulo, e digitado por Cristiano Bezerra.

Copyright © 2003 Georg Feuerstein, Yoga Research and Education Center.

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O Yoga Integral de Sri Aurobindo - Marcus Wolff

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

SOBRE COMPAIXÃO...

A EVOLUÇÃO ATRAVÉS DA COMPAIXÃO

por Bernardino Nilton Nascimento - bn.nascimento@uol.com.br

O que é Compaixão? Compaixão é sentimento caracterizado através de ações, na qual uma pessoa agindo com espírito de comiseração busca ajudar aqueles pelos quais se compadece.

A compaixão diferencia-se de outras formas de comportamento prestativo, no sentido de que seu foco primário é o alívio da dor e sofrimento alheios. Atos de caridade que busquem principalmente conceder benefícios, em vez de aliviar a dor e o sofrimento existentes, são mais corretamente classificados como atos de altruísmo, embora, neste sentido, a compaixão possa ser vista como um subconjunto do altruísmo, sendo definida como o tipo de comportamento que busca beneficiar a vida do próximo.

Precisamos entender que pequenos gestos substanciais que se aliam e se exaltam mutuamente, num desejo apaixonado de uma conquista pessoal e de união com as forças e as energias do amor dos guias espirituais, que nos unem a Deus, em um ato especificamente mágico, correspondem a uma era de compaixão sobre a Terra.

Esses gestos são fundamentais à nossa evolução. O amor não deve se perder na pesquisa, a qual deve evoluir na busca da compaixão.

Sendo fiel a esta pesquisa e a esta visão de compaixão, as respostas para várias questões estarão na sua aquisição. Devemos respeitar a realização de uma busca na conquista de cada degrau da evolução. Em cada degrau alcançado, amplia o sentimento de compaixão.

No desenvolvimento deste sentimento, condição necessária para buscar o equilíbrio, podemos acreditar que não haverá a volta do Cristo, já que este nunca partiu, em sua essência. Diante desse pensamento, esta presença do Cristo permanece em quem acredita nas suas palavras e nas suas ações de amor e compaixão ao próximo.

Em paralelo com a reencarnação e a ressurreição, Buda traçou um caminho para a humanidade, assim como Cristo nos presenteou com seu admirado amor ao próximo. Porém, a compaixão mostrada por Buda é o caminho para se chegar com alegria e satisfação ao amor altruísta.

A verdadeira intenção planejada no mundo espiritual é ajudar todos nós a despertar o sentimento de compaixão. Naturalmente, o desenvolvimento da compaixão desperta em todos os corações as divinas palavras daquele que, na essência, nunca se foi. Divulgar a volta do Cristo é querer distrair o ser humano das suas devidas responsabilidades e desviá-lo do seu autoconhecimento. O desejo de muitas religiões é encher o coração do homem de esperança para um futuro não existente. Para muitos, Cristo não virá por que nunca se foi, e para outros ele partiu, porém, já voltou e está no meio de nós.

Qualquer ato de compaixão está à presença de Buda, e qualquer ato de amor ao próximo está à presença de Cristo. Então, não é relevante para os que têm os verdadeiros sentimentos de compaixão e amor a volta ou não de Cristo. É melhor acreditar na presença constante da sua energia.

Só uma viagem para dentro da consciência vai despertar o valor da liberdade e da compaixão. A união com Deus é uma realização, uma necessidade do ser humano para atingir sua alta evolução, cuja realização final é a obra que cada um vai levar, e a que vai ser deixada aqui, como exemplo de vida digna.

A tão desejada subida ao topo da evolução é o prolongamento de uma vida material regada de boas ações e atitudes. A corrente poderosa e imperturbável da evolução passa pela compaixão e leva a humanidade para o seu aprimoramento final. Os bons sentimentos devem nascer do fundo da alma e aflorar nos seus gestos, olhares e ações, em favor do desenvolvimento pacífico de toda a humanidade

Às vezes, temos a impressão de que a parcela humana da evolução parou no tempo. Porém, a força propulsora da fase humana é constituída pela compaixão, na qual Deus e o ser humano se encontram. Isso dá lugar a uma total visão da evolução espiritual de cada um de nós, como graça do Espírito Santo.

Devemos tentar seguir os exemplos dos admiráveis grandes mestres, que viveram no mais verdadeiro e puro sentimento de amor e compaixão. Entre as histórias contadas, ”um sangramento no corpo, causado por um corte, era rapidamente estancado quando depositavam açúcar sobre ele, assim como as doces palavras ajudam a diminuir as dores dos que sofrem”.

Só o amor e a compaixão podem, intuitivamente, trazer as palavras certas para cada tipo de dor. O ser humano tem que se conscientizar de que para evoluir, o seu coração precisa estar tomado pelo desejo de ver o seu irmão feliz. Essa energia nos é dada por Deus.

A força da atração pessoal, que se dá como objeto de amor à humanidade, determina a evolução. O ser humano não pode amar ao seu próximo e a seu Deus, se a compaixão não tomar conta do seu coração.

BNN

COPIADO DO SITE: SOMOS TODOS UM. Visite-o!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

REIKI

Técnica milenar que utiliza a energia de cura e amor universal para a harmonização global e pode ser aplicada em humanos, animais e plantas. Beneficia como complemento em tratamentos médicos favorecendo o equilíbrio e reduzindo o estresse. Reintegra o corpo físico, mental e energético.

sábado, 17 de setembro de 2011

TERAPIA FLORAL

A Terapia Floral é um método natural que equilibra corpo, mente, alma e espírito. As essências florais são preparados líquidos obtidos da energia das flores estudadas inicialmente pelo Dr. eduard Bach. Os Florais contribuem para harmonizar propiciando paz, alegria e bem estar. O cliente é atendido de forma individual e personalizada com o objetivo de identificar a combinação de essências adequada a cada pessoa e situação.
Ana Luísa
Terapeuta Floral
AEPERS 13042/06

domingo, 28 de agosto de 2011

O que é Yoga?

Yoga, traduzindo seu significado em sânscrito significa UNIÃO. A união com o divino, corpo, mente e espírito.
O Yoga Integral foi desenvolvido no final do século XIX, quando o Yoga começou a expandir-se na América do norte, tem como objetivo adequar a prática milenar a realidade do praticante considerando diferenças anatômicas, espirituais e culturais. Pode ser praticado por todas as pessoas, de qualquer idade.
Como bacharel em Educação Física desenvolvo um trabalho de conteúdo terapêutico e prático para que se possa atingir maior controle psíquico diante das situações desafiadoras do cotidiano.

sábado, 9 de julho de 2011

Yoga

Oferecemos Yoga para todas as idades e necessidades. Conteúdo com foco terapêutico na qualidade de vida.